domingo, 31 de maio de 2015

Frases... (revisão e acréscimo)



Frases...



1 - Segredo da vida:

 pratique infinitamente até seu último suspiro.


2 - Te espero:

mais rápido do que o alvorecer do dia e mais lento do que o cair da noite.


3 - Possibilidades:

A impossibilidade está na anulação proporcionada por sua mente...


4 - Futuro:

Esperar por ele é tornar o presente num passado.


5 - Puro:

Tudo que é simples.


6 - Dificuldade:

Tudo que não é puro.


7 - Simplicidade:

É não deixar de ser puro quando está tudo difícil.




 Publicado originalmente no dia 30 de outubro de 2010, sábado; e acrescentado hoje!

 

Desafiei-me

 
 
 
Desafiei-me a ser melhor do que fui ontem.
Tarefa difícil, pois ontem fui impecável

Perguntaram-me por quê?
Respondi: porque menti!

Mentiste ontem ou agora?
Em ambos os dias!
 
Então como podes ser melhor?
Sou melhor em desafiar-me!

 
 

Não, não e não






Não toque demais
Não escreva demais
Não leia demais
Não fale demais
Muito menos desenhe demais

Não cuide sempre dos bichos
Não limpe sempre a casa
Não se lave todos os dias
Nem mesmo faça todas as suas
Necessidades

Não se esforce para conseguir algo
Não trabalhe em enfadonha demasia
Não justifique sempre alguma coisa
Não sare de nada que seja infeccioso

Não se canse de dizer
Não se canse de ouvir
Não feche os olhos pra ver
Não os abra para não enxergar

Tente, retente, tretente
Mas não desista
Se desistir
tente mais uma vez
mas lembre-se
nada de movimentos bruscos

E para finalizar
se não conseguir fazer de tudo um pouco
se não conseguir viver bem
tenha ao menos a decência
de ter uma boa
morte!




quinta-feira, 28 de maio de 2015

Sabe o conhecimento? Jogue ele no LIXO!




Pode parar de ler agora se você não quer soletrar palavrões. Não precisa continuar se você tá pouco se fodendo em aprender sempre mais e, de preferência, todos os dias. Saia imediatamente se você é meu amigo(a) e não quer ser ofendido(a)!

A bagaça é a seguinte: vou escrever tudo com muitas gírias e palavrões para que um cérebro padrão de baixíssima capacidade possa almejar entender! Nada de textos ornamentados. Isso aqui é a porra de um desabafo. Uma frustração que me acompanha há alguns anos (e não é "há anos atrás", débil, isso é uma redundância, um pleonasmo!). Uma coisa que eu tenho que fazer por mim e por mais ninguém.

Vamos aos fatos: 

 1 - você aluno, é, você, que sempre desprezou o que eu te ensinei, quero que você reflita sobre isso: "e se o que você soubesse fosse desprezado. E se o que você estudou anos e praticou por toda vida fosse largado de lado, porque não é uma coisa útil pra ninguém?" Você acha que música não serve pra nada? Que ela não é importante?

Pois eu vou te dar a real: você é que não serve para a música! Caia fora! Respeitem meus anos de estudos e horas diárias de prática! Respeitem o meu tempo! Eu podia estar lendo, escrevendo, aprendendo, praticando, ao invés de ficar te esperando quando você decide matar uma aula! Entenderam?!  
   


 2 - agora você, jumento analfabeto e ruminante, é, você que não sabe escrever duas linhas sem errar todas as três! Você é o pior que podia existir na humanidade. Você é tão burro que não conseguirá jamais escrever certo. E você é ainda muito mais burro, porque não quer aprender de jeito nenhum! 

Se você acha que estou exagerando, responda: por que é que vc ainda não aprendeu a diferença entre "mais" e "mas", por exemplo? Eu te respondo: porque você é um lixo de ser humano, uma mula disfarçada de preguiçoso(a), você é o resto dos restos de uma sociedade desprovida de conhecimento. Você não merece a internet, você não merece um livro, você não merece nem uma bula de remédio, porque você é uma anta e não sabe aprender com nada disso! 



 3 - Pra todos vocês que acham que estar numa rede social e exibir a sua incompetência perante milhares de usuários vai te isentar de ser conhecido como mais um tapado acéfalo, eu digo: MORRA! 



Eu não suporto mais a burrice! Eu não aguento mais a falta de vontade de aprender desse bando de safados! Eu não consigo mais ver um monte de energúmenos justificando (ou pior ainda, aceitando seus erros: "fodasseh ki tah herado, mim incina a iscrevee naum qui eeeu escrevu du geito kqi eeu kereh") Cambada de jumento! 

Espero que vocês sofram por suas burrices por toda vida! Vocês têm que ter plena certeza de que vocês têm tudo ao seu dispor para aprender e melhorar, mas vocês não quiseram e, por esse motivo, devem pagar por isso!

Vocês ficam discutindo política e a política está pouco se fodendo (e é fodendo, com "o", bando de jumento, não é com U, não, porra!), porque eles sabem que para manipular a massa o melhor é que vocês sejam todos burros mesmo! 

O poder está com quem possuí o conhecimento, não está com quem rebola até o chão! Sua bunda vai cair, o seu pau não vai mais subir e o que lhes restaria seria o caralho do cérebro, mas este atrofiou-se por falta de uso! 

To de saco cheio de todo mundo e quero que todos vão para a puta... Eu sempre fui a favor de ensinar e ajudar, mas eu estou me cagando pra vocês e pra suas dificuldades e vontades. 

Quero pegar o próximo que falar assim: "ai, eu adoro música, sempre quis aprender!" MENTIRA! Se quisesse, você já saberia ou já estaria aprendendo, repito: vocês não merecem a música, vocês não merecem a língua portuguesa. 

Vocês, seus trouxas, merecem as novelas, os telejornais, a merda do futebol e desgraça do funk, porque cada um de vocês deve tomar no seu respectivo cu! (viu, mula, cu não tem acento, jegue!)

Se quiser aprender alguma coisa, pague adiantado que eu te ensinarei,  só o mínimo necessário (como fazem com vocês todos os dias e você sequer percebe). Vou rir da cara de todo mundo. Ajudar pra quê? Pra quê me importar? 

E isso é o meu desabafo amenizado, desculpem-me meus amigos e as pessoas que respeitam o meu esforço, mas para todo o resto: vão se foder!!!!



No próximo post voltaremos com nossa programação normal, sem palavrões e apelações! Grato, o ser mais puto dessa casa!



terça-feira, 26 de maio de 2015

O esquecido - Conto VII




   Eram tristes lembranças de um passado recente, coisas desventurosas que eu não fazia mais questão de lembrar. E nessa necessidade de esquecer o que me fazia infeliz, acabei também esquecendo a graça. Foi mais ou menos assim que aconteceu, quer dizer, foi mais ou menos assim que eu lembro do que me aconteceu...

   Pascoal era um sujeito bem apessoado, dono de um comércio pertinho aqui de casa, homem bom, de bons costumes. Seu estabelecimento vendia coisas simples que pessoas das mais diversificadas idades poderiam querer. E eu queria uma coisa, uma pomada. Levantei-me triste e dolorido, tentando não recordar de mais nada que me fizesse sofrer e fui para a venda do Pascoal. 

   "Tarde, Pascoal! Como vai, amigo?" - cumprimentei com toda educação que me restava, deixando a dor nas nádegas se perderem nos espasmos. 

   "E o que é que tem de bom para se contar ou sentir, Justino?!" - respondeu-me amargamente, meu vizinho e também amigo de bairro, Pascoal. 

   Estranhei seu descaso e como me tratou, sendo que nunca havia acontecido coisa similar na vida, e fui direto ao ponto, já que era só isso que me restava fazer:

   "Veja logo uma pomada para assaduras aí, estou com pressa."

   "Tome! São dez contos!"

   "E desde quando uma pomada custou tanto?"

   "A farmácia do Agenilson fica mais três quarteirões saindo daqui e virando à esquerda!"

   "Ô, diabos, homem, o que foi que te mordeu?"

   "Vai levar a pomada ou não?"

   "Vixe! Semana passada não era nem cinco contos, viu?!"

   "Mas aumentou nessa segunda! Quer ou não quê, homem?"

   "Quero pelo preço justo!"

   "Justo é o preço que se paga! São dez contos!"

   "Demônio de homem ruim! Não sei o que te deu, peste, mas passa essa merda de pomada pra cá. Tome seu dinheiro, sovina!!!"

   "Tome seu troco, homem! Pra quê sair correndo e dolorido, pegue aqui! Tome!"

   "Quê isso?"

   "Seu troco!"

   "Aqui tem cinco conto!"

   "Tem!"

   "Lazarento, você não disse que a porcaria da pomada custava dez contos?"

   "Calma lá, compadre Justino! A pomada custava quase cinco, segunda teve aumento, agora é cinco!"

   "Você tá querendo me endoidar, diacho?! Pois foi agorinha mesmo que você me disse que a pomada custava dez e que se eu não quisesse era pra ir pagar lá na farmácia do Agenilson!"

   "Está faltando cinco contos!"

   "Quê????"

   "Do dinheiro da pomada, homem! Você só me deu cinco!"

   "TÁ MALUCO, PASCOAL??? Você acabou de me dar o troco e... ah!, vá pra merda! Engole essa bosta de pomada e limpe seu rabo com a gorjeta que lhe dei! Safado!"

   Saí enfurecido porta afora e peguei a esquerda. Andei três quarteirões e cheguei na farmácia do Agenilson.

   "Agenilson, tarde! Me vê uma pomada, daquelas pra assadura, por obséquio! - disse seco.

   Nisso uma senhora apareceu do lado e me falou:

   "Justino?! O que está fazendo aqui na farmácia? Você não ia pro jogo homem?"

   "Que jogo, mulher?!" - gritei sem paciência porque aquela era minha esposa.

   "Trapirandas contra Junitubas, homem, o jogo da sua vida! A desforra!"

   "Quem diabos é isso, mulher, tá louca??? Vim comprar pomada para assadura, meu saco tá coçando e não estou aguentando mais me sentar. Eu já te disse isso antes de sair de casa, tá variando, tá?!"

   "Ô, Justino, homem de Deus, você é que tá biruta das cachola, essa assadura aí é da semana passada, lembra não?!"

   "Hein?! Como assim, tá querendo me irritar mais ainda, mulher?!"

   "Home, você não se alembra do jogo da semana passada, que você e o Pascoal ficaram vendo lá na sala até a última cobrança de pênalti depois da prorrogação? Passou horas sentando, bebendo e fumando, e gritando e reclamando... Lembra não?

   "Lembro não!"

   "Você ficou a noite inteirinha brigando com o Pascoal porque ele aceitou a derrota do Trapirandas no último pênalti que o juiz roubou... Lembra não?"

   "Lembro não!"

   "Você brigou com seu amigo por causa de bola, home, coisa que não se faz. Ficou o dia seguinte todo com a bunda assada de passar o jogo todo arredando as cadêra pra frente e arredando as cadêra pra trás... Lembra não?"

   "Lembro n... ah, mulher, pare de inventar modice! Tu é que tá variando, besta!!!"

   "Vem, home, vou te levar pra casa. Tu não tá muito bem não! Vem comigo, vem?!" - ela me deu a mão e eu segurei na mão da patroa, confuso, mas segui a megera de volta pra casa. 

   "Home do céu, tu não tá bom das cachola mesmo não. Queria que queria ver o jogo de hoje, lembra não?"

   "Lembro não, muié!"

   "Tinha até comprado o ingresso pra assistir no campo, home! Lem..."

   "Lembro não, muié, para de falar tontice! Diacho!"

   "Tadinho, doidô de vez!"

   Caminhamos os três quarteirões até chegarmos perto de casa e a patroa falou:

   "Só vamos passar lá no Justino rapidinho, tenho que comprar a sua pomada de assaduras que ainda tá cedinho e toda segunda tem aumento!"

   "QUE???"

   "Sua pomada, Pascoal, tá variando, home?"

   "Que pomada, muié?! Quê Pascoal?!"

   "Do jogo de ontem que você ficou assistindo com o Justino e se assou todo no traseiro! Lembra não, Pascoal?!"

    "Que Pascoal o quê, tá maluca?!"

    "Pascoal, pare de doidice, home, bôra pra casa, anda!"

    "Meu nome é Justino! Doida!"

    "Ixi, home, melhor te levar pro doutor, to vendo que hoje tu já até esqueceu a tua graça!"

 

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Sonhando - Conto VI (revisão)





   Nesse último conto antigo e curto, eu apresento uma teoria que por anos me assolou. Quer dizer, eu passeio por esse tema que muitas pessoas já abordaram. Seus sonhos são reais? Quando você saberá se está dormindo ou se está acordado? Afinal, o que é a realidade? Vale a pena continuar dormindo e sonhando? Enfim, leiam, reflitam sobre e também comentem o que acharam do texto. Bons sonhos para todos...



Sonhando



   Então, tudo não passou de um sonho... parecia tão real que ocupei-me de esconder, temendo o pior. Na verdade, tudo realmente parecia um sonho, mas no furor daquela ação tive medo de pensar assim. Quantas não eram as evidências de que eu estava sonhando e mesmo assim hesitei? Acovardei-me... tenho vergonha de caminhar entre as pessoas lembrando daquilo que aconteceu. Tenho vergonha de encarar a realidade, tenho vergonha de encarar os sonhos... ou seriam pesadelos? Só sei que a perdi... Um fluxo de pensamento qualquer me apavora, me sinto sensível, preocupado sempre... sei que preciso superar, mas não tiro a imagem dela da minha mente. Vendo-a desmanchar-se com os braços estendidos em minha direção a alongar-se pelo efeito rotatório do que se esvai... Aquela imagem ainda me causa dor... e pensar nisso não é opcional. Cada som e movimento à minha volta. Tudo me faz pensar nela. Seus olhos fundos e inspiradores, clamando por mim. Nada ficou no lugar. Tudo se desmanchou, se desfez...

   Por que ainda vejo seu rosto? Quantos sonhos não estivemos juntos? Quanto tempo já não se passou? Nem tanto assim... pareciam anos, mas na verdade eu não creio que chegou a tanto tempo... mais de um dia com certeza... mas menos de um ano. Enfim, tudo agora é pó. O pó já não sofre com o tempo... e ainda tenho dúvidas... como posso sentir e sofrer se já sou pó? 

   O fato é que, mesmo não querendo, eu ainda vivo aqui e lá, no mundo dos sonhos. Nunca mais a vi naquele mundo, mas sempre quando acordo, penso ter visto. Quando ando nas ruas, temeroso, sempre imagino que a estou vendo. Cada mulher que olha-me nos olhos. Cada fio de cabelo liso que me lembra o seu. Aquela dor profunda se insere em mim e vai me rasgando a ponto de me fazer perder o equilíbrio, cambalear. As pessoas me olham torto, como se eu fosse um bêbado ou um insano qualquer. Acabo sendo mesmo, de uma forma ou de outra. Um bêbado de amor, ensandecido de paixão.

   As noites são as piores fases do dia. Minha tensão vai aumentando e me deixando incomodado, ansioso. Olho-me no espelho todas as noites antes de dormir. Talvez faça isso para verificar se ainda estou aqui... vejo meus olhos cansados e mal dormidos, avermelhados e irritados. Sinto falta de mim mesmo, de quando me sentia bem quase sempre. Sinto falta de mim... sinto minha falta... não, só sinto falta dela... e assim eu faço, todas as noites... descanso minha cabeça sobre o travesseiro e faço uma última prece: encontrá-la novamente nos meus sonhos.

   Passo muitas horas acordado, revirando na cama, buscando o sono. Nesse tempo todo, a antiga e nunca desgastada imagem sempre está lá, me atormentando. Seu rosto se distorcendo novamente no mesmo redemoinho... O sono chega. Ao entrar nele, nada mais acontece. O mesmo vazio de sempre depois que ela se foi. A agonia toma conta do meu sono. Sei o que quero sonhar, consigo pensar dentro do sonho, mas lá não existem imagens... nada de ver o seu rosto, nada de me alegrar com seu sorriso, nada de sentir seu toque, nada de me entorpecer em seus lábios, nada, nada, nada de coisa nenhuma...

   Acordo novamente encharcado de suor, soluçando e sem fôlego. Ofegante, desesperadoramente tentando voltar à realidade... mas isso aqui é a realidade? E se for o oposto? E se eu estiver acordado quando estou sonhando e sonhando quando estou acordado? Verdade ou não, eu aprendi a viver num sonho e a dormir na realidade. Aprendi a tirar vantagem do que aconteceu comigo. Agora eu passo os dias sonhando com seu rosto, construindo novos encontros e momentos felizes. Assim, quando vou dormir, me despeço da sua imagem, e durmo tranquilo. Ansioso por acordar pensando nela. E assim consigo transformar minha vida de pó em algo substancial. Meu único medo é sonhar com ela novamente e perdê-la de meus pensamentos quando estiver acordado... mas não mais deixo isso me afligir. Agora, o importante é continuar sonhando acordado... 



Publicado originalmente no dia 9 de junho de 2011, quinta-feira.


 

Enquanto dormia - Conto V (revisão)

Viagens da minha mente imaginativa? Seria um sonho? Quem nunca sonhou estar voando um dia? Eis o meu quinto conto revisado:

Enquanto dormia



   Corria desesperadoramente pelo meio do mato. Era alto e cheio de árvores. Começava a escurecer e quase já não via nada. Meu fôlego ia pras cucuias e mesmo assim eu não parava de correr. Sentia minhas pernas puxarem e repuxarem. As fisgadas aumentavam...

   De repente, eu caí. Uma queda interminável. Sentia meus braços batendo em alguma coisa. Por fim aterrissei com força no que parecia ser água. A escuridão já não me deixava ver mais nada. A correnteza me arrastou e lutei para ficar com a cabeça para fora d'água. Agora os meus pulmões ardiam. Meus braços batiam em pedras. Uma pancada forte na cabeça. Senti-me flutuando e, quando dei por mim, estava caindo novamente. 

   Era uma queda d’água gigantesca. Eu estava acima das nuvens. Enquanto caia podia vê-las se aproximando rapidamente. Ventava tanto que sentia meu corpo se enxugando. Não podia acreditar, estava planando. Ainda em queda, mas com direção. Pensei no quanto seria bom se eu pudesse tocar as nuvens e, com um simples movimento, planei por sobre estas. 

   Meu corpo foi se endireitando e colei meus braços junto às coxas. Peguei mais velocidade. Agora estava voando na horizontal. Bem rente às nuvens. Emparelhado a elas. As pontas dos meus pés as tocavam. A lua brilhava forte no céu. Perdi a noção de quanto tempo eu já estava voando. Voar era saboroso. 

   Comecei a fazer peripécias no ar e, à medida que rodava e fazia loops, eu gritava a plenos pulmões. Era muito divertido. Estava sorrindo. Decidi atravessar as nuvens e fazer rasantes no solo. Fiz um mergulho em parafuso. Gritando! Emocionado! A velocidade era tanta que meus olhos não viam nada. Cheios de lágrimas. Esforcei-me novamente para frear a descida e nivelar o corpo. Consegui bem a tempo, quando quase choquei-me com as águas do mar. 

   Percebi minha nova diversão e minha nova oportunidade. Não a desperdicei. Fiz o mesmo que com as nuvens e deixei meus pés tocarem a água. Estava fria. Percebi que não usava mais os meus sapatos. Percebi que não estava mais com minhas roupas. Estava nu. Voando por sobre o oceano. 

   Avistei uma ilha à minha frente, parecia com o lugar onde eu morava. Havia uma luz vindo por detrás de uma grande montanha. Sobrevoei a ilha em direção à luz. Era uma grande festa na praia. Pousei bem ao lado da enorme fogueira que ardia reluzente. As pessoas me olhavam assustadas. Eu sorria. Logo estavam todos se divertindo novamente. Uma bela mulher chegou perto de mim e perguntou por que eu não usava roupas. Respondi perguntando por que é que todos eles usavam. As pessoas ao meu redor gritaram e tiraram suas roupas. Aos poucos todos ficaram nus. Só havia diversão. Nada me incomodava mais. 

   Olhei nos olhos da linda mulher e a beijei. Senti seu corpo quente junto ao meu e quando abri os olhos, estava novamente no meio de uma enorme mata. Dessa vez, diferente de todas que eu já estivera. Comecei a correr outra vez. Parei subitamente e corri para o outro lado. 

   Avistei uma enorme pedra e corri para ela. Saltei para cima dela facilmente. Dobrei os joelhos e tomei impulso e saltei para cima. Meu corpo foi acelerando até que percebi que estava muito alto. Quis ir mais alto e aumentei a velocidade nesse meu novo voo. Ultrapassei as nuvens e continuei subindo. Cada vez mais rápido. O vento estava congelante e, mesmo assim, não desisti de subir mais. O ar era rarefeito e ficava difícil respirar. 

   Acelerei mais e resolvi parar de respirar. Estava tão alto que percebi que já estava tocando o espaço. Olhei para lua, que estava enorme, e voei para ela. Não havia mais vento, mas o frio continuava. Eu sorria e até tentei gritar novamente, mas não consegui. Não tinha mais ar em meus pulmões. Deixei minha cara de alegre no rosto e fui para lua. 

   Sentia sua luz tocando mais forte em meu rosto. Quanto mais eu me aproximava mais sua luz abrandava e só restou, por fim, seu solo, que toquei com meus pés descalços. Deixei minhas pegadas naquele solo fofo e saltei com um astronauta. Percorri uma grande distância daquela forma. Depois de um tempo, senti-me entediado e soltei forte, alçando novo voo, esse agora, de volta para casa.

   Acelerei mais que das outras vezes. Queria sentir meu corpo arder. Desci como um meteoro até a ilha onde morava. Decidi que não queria parar e como um míssil atingi o solo. Houve um enorme estrondo e o chão tremeu junto comigo. Quando levantei da cratera, ouvi um enorme silencio. Fechei meus olhos e quando os abri novamente, estava deitado em meu colchão...

Tirei o edredom de cima do meu corpo nu e caminhei até a janela do meu quarto. Olhei para fora e vi que ainda era noite. Abri a janela e vi as luzes da cidade lá embaixo. Pulei a janela para o lado de fora. Sorri novamente e percebi o que estava acontecendo. Subi na murada do precipício e saltei. Por um instante, jurava que eu estava sonhando...



Publicado originalmente no dia 23 de janeiro de 2011, domingo.


 

O método fácil de parar de fumar - Allen Carr - Editora Sextante


"Se eu consegui, você também consegue!"


O exemplar emprestado que me fez parar de fumar!


Eu estava muito relutante sobre resenhar esse livro porque não é o tipo de livro que mais me agrada, por constatações óbvias, mas sou obrigado a fazer essa resenha, porque eu realmente parei de fumar. Espero que esse texto possa orientar alguém que também queira muito conseguir essa façanha. Antes de mais nada, esse livro é extremamente recomendado para você que ainda está se perguntando se ele realmente funciona! Acredite: FUNCIONA!

Como então esse livro veio parar em minhas mãos? Importante história e eu conto: 

Uma de minhas metas nesse ano era parar de fumar (preciso explicar por quê?). Tinha escrito um prazo (como o livro do Trombetta havia me ensinado) para parar e, para conseguir isso, eu deveria reduzir o número de cigarros que eu fumava todos os meses, de cinco em cinco, até parar totalmente. (Ledo engano, esse livro me mostrou isso.) Mas até então eu não sabia disso e fui seguindo minha meta, sem acreditar muito que conseguiria de fato. (Consegui reduzir consideravelmente o tanto que fumava, mas não conseguia fazer isso tão facilmente e às vezes eu fumava além do que havia me proposto.)

Meu amigo, sem aparente motivo, resolveu me emprestar esse exemplar da foto, sem maiores intenções (porque ele ainda fuma e espero que não mais depois de reler esse livro que volta hoje pra ele), dizendo que o livro abordava o fumo de uma outra maneira. Eu deixei ele de lado para poder terminar de ler o que já estava na frente, mas assim que chegou a vez dele eu não o pulei. Detalhe, eu não estava pretendendo parar o cigarro quando peguei o livro para ler, tinha sim uma vontade de deixar essa porcaria, mas não acreditava que seria possível e apenas li por ler.

Qual é a grande sacada desse livro, afinal? É magia? Não faço a menor ideia. No terceiro dia de leitura (porque eu estava lendo outros títulos simultaneamente) eu comecei a sentir uma necessidade de ouvir o que o livro estava me dizendo. Eu estava fumando e lendo o volume (como o autor aconselha a fazer), mas sentia um apego muito grande com esse livro, como se ele fosse a minha chance de escapar do cigarro. Por três dias eu fumei menos ainda e, no tão fatídico terceiro dia, eu apaguei meu último cigarro. Meu maço estava no fim e aquele último cigarro acabou bem no meio da tarde. Eu podia ter saído para comprar mais, mas estava decidido que não o faria. Amanhã completo uma semana sem esse câncer enrolado! (Palmas pra mim!!)

Não sei se eu estou conseguindo transmitir a alegria que estou sentindo e o orgulho de mim mesmo, mas acreditem, estou feliz e muito orgulhoso de mim. Não fumei muitos anos para uns, mas fumei muitos anos para outros (em relação ao cigarro não existe essa coisa de pouco ou muito tempo, sempre fará mal), mas fumava e isso nunca na vida de ninguém foi uma coisa boa. O fato é que eu parei e sei disso. 

Essa noite passada eu tive meu primeiro pesadelo onde eu estava fumando (o autor fala sobre isso), essa é mais uma prova de que eu não quero voltar a fumar, pois se quisesse, teria sido um lindo sonho. (Já aconteceu isso antes com relação à carne, pois sou vegetariano e quando sonho que estou comendo alguma carne, pra mim, é um pesadelo!)


O quê o livro fala:


Allen primeiro vai falar sobre a própria vida, como ele era um contador estressado que fumava 100 (isso mesmo, CEM) cigarros por DIA. Conta como suas tentativas de parar eram todas fracassadas e como sua vida estava abreviando-se rapidamente. Ele já estava com quase cinquenta anos quando finalmente largou o vício. E aqui ele vai te ensinar como e o quê fazer.

Ele aborda esse vício de uma forma diferente, ele te conta todas as artimanhas que estão implícitas por trás dessa indústria bilionária, que fazem com que tantos caiam em desgraça e acabem acendendo o primeiro cigarro. Ele pede para que você continue com sua rotina de fumante enquanto vai lendo o livro. Ele pede inclusive para que você não pare de fumar antes de terminar o livro (eu parei antes, metade dessa obra já foi o suficiente para eu perceber o quão idiota eu estava sendo).

O autor vai falar sobre todos os problemas do cigarro e se aprofundar em todos eles, um a um, para mostrar-nos como as coisas são realmente feitas. Em outras palavras, ele abre a sua mente e mostra o quanto somos viciados e idiotas de continuarmos fumando. Ele não vai te obrigar a nada, pelo contrário, o autor vai mostrando que sabe o que é ser um viciado, mas ele desmistifica todas as lendas que estão por trás do fim desse vício. É uma bela obra, principalmente para os fumantes. Aqueles que têm parentes fumantes vão se interessar pelo livro também (afinal, ninguém quer ver alguém que amamos morrer por causa dessa merda).

Não se desesperem, Allen conta que, se você não conseguir largar o vício (e a eficiência do método dele é de mais de 90%) ao terminar sua leitura, você deve ler alguns capítulos específicos de novo, ou procurar algumas de suas clínicas espalhadas pelo mundo. 

Não sei você, mas eu não quis esperar ter câncer para parar de fumar. Minha vida já não andava muito saudável há tempos e eu não queria continuar torrando o meu dinheiro nessa bosta e morrer por causa de uma vício estúpido. Mas façam o seguinte: se você é fumante e está pouco se fodendo se vai morrer ou não por causa do cigarro, registre essa opção de escape em sua mente e, quando estiver bem perto do fim e, talvez, só talvez, querendo escapar da morte, lembre-se dessa saída e leia esse livro.

Espero que eu tenha conseguido fazer a minha parte como ex-fumante e ajudado alguém contando sobre esse livro. Se eu não conseguir fazer absolutamente nada por nenhuma pessoa, isso não irá me incomodar muito, pois a pessoa que eu mais precisava fazer algum bem eu já fiz: EU! E estou muito satisfeito por ter conseguido. Qualquer dúvida e caso queiram falar comigo, é só chamar em alguma das redes sociais que eu respondo o que quiserem saber sobre esse livro. Acho importante poder ajudar alguém a deixar esse vício.

Uma coisa legar sobre o termino do meu vício: eu prometi pra mim mesmo que juntaria todo o dinheiro dos cigarros da semana e gastaria alimentando meu outro vício, um bem mais saudável, a leitura. Toda semana eu me darei livros de presente. Foi um ótimo incentivo!


Sobre o autor:


Foto mais antiga do autor.
Allen nasceu em Londres, Inglaterra, em 2 de setembro de 1934. Começou a fumar aos 18 anos (ao menos é o que dizem) e só parou o vício aos 48 anos de idade.

Ele era um contador estressado, de vida corrida e vício enraizado. Carr precisou chegar à beira da morte para descobrir que precisava e que conseguiria para de fumar. Assim o fez, por n razões explicadas no livro, e, a partir de então, começou a ensinar os amigos como havia feito para parar com os cigarros. Tomou isso como profissão ao perceber a eficiência do seu trabalho. Escreveu vários livros para ajudar pessoas a abandonarem vícios (esse foi o primeiro) e montou uma rede de clínicas de combate ao tabagismo espalhadas pelo mundo. 

Em 2006, aos 71 anos e depois de ter abandonado o vício há 23 anos, Allen foi diagnosticado com câncer e, um mês depois, deu a notícia que a doença estava em estágio terminal. Ele faleceu nesse mesmo ano aos 72 anos de idade. Sua luta era para derrubar não só o vício, mas também quem o promove, como o governo e a grande indústria do tabaco.

Allen Carr, o autor, um cara que sem querer (depois querendo) mudou a vida de muita gente!


sábado, 23 de maio de 2015

Uma vida - Conto IV (revisão)


Triste história, só tenho isso a dizer:



Uma vida


   Por mais que fosse incrível para ele estar feliz ali, naquele momento, entusiasmou-se e se deixou levar pela sensação. Dividia o que tinha com seu irmão mais novo. Nunca faltara em nada para seu irmão, nem sequer em um instante. Vendo-o ali deitado como um anjinho o tranquilizava. Era muito bom ver o garoto, dia após dia, crescendo e crescendo sem parar. Já estava quase na altura do seu ombro. Mediam sempre. O caçula sempre pedia: “irmão, vamos medir de novo, você mediu errado da última vez!” e terminava o pedido em um sorriso que se eternizava por todo momento. 

    Ele adorava o irmão como a um filho. Eram carne e unha. Preferia ficar a sós com o irmão a estar com qualquer outra pessoa. E nunca deixou de ser assim, desde o dia que haviam perdido seus pais naquele trágico acidente. Passou a mão pelos cabelos lisos e loiros do irmão. Sorria ao fazer isso, como adorava aquilo. Daria tudo, absolutamente tudo, pelo irmão. 

    Quantas não foram as vezes que passou fome, só para ver seu irmão bem nutrido. Seu irmão nunca sentira fome na vida. Jamais deixaria isso acontecer. Preferia matar do que ver o moleque sofrer. E não parecia que ele estivesse sofrendo, ali, naquele instante. 

   Dormia? Não sabia, sentia-o adormecido. Mesmo com toda aquela gente fazendo barulho. Segurava a cabeça do irmãozinho apoiada no colo. Acariciava seus cabelos lisinhos. Amava muito aquele menino. Lembrou do primeiro dia que ficaram sozinhos em casa, quando seus pais tiveram que sair apressadamente. Passaram aquele primeiro dia todo abraçados um no outro. Vez ou outra, o menor chorava muito e ele o agradava como podia. Nunca perdia a paciência com ele. Nunca! 

    Aqueles eram bons tempos... Um tempo antes de perderem a casa. Antes de serem levados pelo juizado de menores. Antes de serem levados para o orfanato, ouvindo todos os dias que seriam separados e adotados por famílias diferentes. Aquilo não podia acontecer. Ele tinha certeza que seus pais iriam querer que ele cuidasse do irmão. E assim o fez. No segundo dia de orfanato, depois de assaltar o depósito e juntar o que era preciso para ficarem bem, tirou o menino dali e foram para bem longe. Não tinham mais parentes, não tinham ninguém a quem recorrer. 

   Agora, as pessoas à sua volta gritavam e aquilo o incomodava muito. Não percebiam que o irmãozinho precisava dormir e descansar. Abaixou e beijou a testa do garoto dizendo baixinho: “tudo vai ficar bem, você sabe disso, eu estou aqui...” 

    Nada o deixava mais furioso do que outros se metendo no jeito que cuidava do irmão. Até alfabetizá-lo ele conseguiu sozinho. No dia que ele leu o primeiro livrinho sozinho foi uma festa só. Comeram pizza naquele dia, disso ele não esquecia. 

   Mesmo que não tivessem uma casa, mesmo que morassem nas ruas, nunca deixara seu irmão debaixo de céu aberto em um dia de chuva. Nunca o deixou passar frio nem nenhuma dificuldade. Uma vez, lembrava bem, enfrentou três garotos maiores do que ele só por causa do irmão. Apanhou muito, mas expulsou os três de perto do seu protegido. 

   Alguém tentou tocar a face de seu irmão. Expulsou a mão com um tapa e gritou: “ninguém toca nele!” 

   Ouvia a sirene cada vez mais forte. Alguém disse ao longe: “o menino parece estar morto, mas o irmão não deixa ninguém chegar perto” 

   “Morto? Não! Nunca!” pensava enquanto abraçava o irmão mais forte do que antes. Rezava sem saber rezar e implorava que tudo terminasse bem e que, pudessem sair dali para tomar um sorvete, como faziam na maioria das tardes. 

   “O que aconteceu, filho?” – um sujeito de colete brilhante e segurando uma maleta perguntou. 

   “Acho que foi atropelado” – disse uma voz ao longe. 

   “Garoto, vou fazer tudo por seu irmão... mas precisa se afastar” – disse o homem da maleta.

   “Faça o que for preciso, mas comigo aqui do lado. Se ele acorda e não me vê por perto, apronta um berreiro...” – disse sorrindo e abriu espaço para o homem, sem contudo largar a mão do irmão que representava tudo em sua vida e que, mesmo morto, parecia apenas dormir sossegado.


Publicado originalmente no dia 11 de janeiro de 2011, terça-feira.


 

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Kingsman: Serviço Secreto - Kingsman: The Secret Service - 20th Century Fox







Essa resenha eu vou começar com a palavra: bacana! Não me entendam mal, é que o filme em si não é alguma coisa muito original, mas esse "bacana" não foi dito de forma tão desanimada quanto pareceu. Não posso ser hipócrita ao ponto de dizer: FODA!, pois não é. Vejam o porquê:

Bom, deixarei um pouco a minha opinião de lado, já que tenho que falar como é o filme primeiro para depois deixar o meu parecer (como se o que eu acho valesse de alguma coisa!)

Trata-se da história de um grupo - uma agência - secreto de espiões, agentes (agora sim a gente escreve "agente" junto! Isso é só um esclarecimento para os não iniciados nos mistérios do português!!!!) secretos, realmente muito secretos (pois nenhum outro órgão sabe da sua existência), que combatem o crime! Esse filme é uma adaptação feita a partir de um quadrinho homônimo e, resumindo, é isso. (Eu nunca li os quadrinhos, perdão)

Tá, tá, não é só isso, mas é basicamente isso. Bom, um dos agentes morre (não, não é spoiler) e o seu filho, depois de alguns anos, é convocado para ocupar uma das vagas nessa agência (que se chama Kingsman por sinal), pois seu recrutador acredita que ele possui potencial para tal. Então ele começa seu treinamento super secreto, junto com outros, e precisa dar o seu melhor para conseguir ser aprovado nos rigorosos testes para ocupar a única vaga disponível.

O filme tem uma história central e várias outras que articulam com essa primeira. Samuel L. Jackson é o nosso grande vilão (e quê vilão!, esse sim, muito original: um cara com problemas de dicção, com nojo de sangue e extremamente cruel e racional. Jackson é o ponto mais forte desse filme, na minha opinião), ele é o responsável pela trama principal, que é basicamente: diminuir a população do planeta. Ah, aqui vale dizer que sua teoria filosófica para explicar esse genocídio faz realmente sentido (mas também não é original).

Outra coisa bacana no filme é a Gazela (sim, escrevi seu nome em português), uma vilã coadjuvante com pernas feitas de hastes de metal com lâminas cortantes, interessante (tem lá sua originalidade, vai!!). As cenas de combate entre ela e outros é sempre divertidamente sanguinária.

Toda ação do filme é muito bem feita, com muitas cenas magistrais de combate. A trilha sonora, com sucessos pop/rock (da minha época, é claro), também é bem legal.

Fiquei entretido com o filme e gostei de tê-lo assistido, mas é só isso. Não é algo que eu vá levar para o resto da vida e nem ficar refletindo por muito tempo. A história pode não ser lá essas coisas, mas é bem fechadinha, sem muita enrolação (só o necessário), e muita pancadaria (que eu até gosto bastante). Como eu disse, o melhor do filme ficou para o Samuel, que me fez rir bastante (veja sua cena final, muito legal!).

Bom, esse é um filme que vai tomar o seu tempo de uma forma boa. Você irá se distrair e se divertir e, o mais importante de tudo, não vai ficar com ódio de tê-lo assistido! (Como eu fiquei ao assistir O destino de Júpiter. ) Valeu a aventura, assistam!!! 








O início de todas as coisas - Conto III (revisão)




 Continuando aquele lance de contos curtos... Descobri que eu já tinha escrito até o número seis, então, depois de repostar todos eles, começarei a postar os outros que eu já escrevi no papel e estarão aqui para serem lidos em breve. Mais um conto, esse eu diria que, cômico! Deveria se chamar a maldição do número três, mas deixo o nome original mesmo para não dar confusão.



O início de todas as coisas 



   Num dia – um desses comuns – ouvi alguém dizer: “o número três é o início de todas as coisas”. Aquilo não saiu mais da minha cabeça. Onde quer que eu fosse, lá estava ele, o número três. Não achava isso ruim. Tampouco o número aparecia, do nada, como num thriller de horror. Eu é que o localizava em quase todas as coisas que via. Era até divertido no início, mas algo faltava nisso tudo. 

   Como podia o três ser o início de todas as coisas se tudo começava do número um, ou às vezes do zero? Aquilo me deixou intrigado e perdi o sono uma, duas, três vezes! Exatamente três vezes. No quarto dia eu dormi como um cordeirinho. Sei que era psicológico, ao menos foi o que eu pensei no início. Levantava feliz num dia e assim continuava até o terceiro. Não existia nada que continuasse por mais de três dias. Absolutamente nada. Resolvi então estudar a extensão de todos esses acontecimentos...

   Comecei com algo fácil, comum. Tomei banho por três dias seguidos, demoradamente, lavando minha cabeça com bastante xampu. Ao sair do banho, logo no primeiro dia, propus a mim mesmo a não tomar banho no dia seguinte. Pois não é que no dia seguinte fez um calor de rachar e mesmo não querendo eu tive que tomar um banho. Até então eu pensei: “vou tomar banho de outro jeito”. Nada! Nem dei conta de mim, só sei que percebi que havia repetido tudo da mesma forma do dia anterior. Chocado e sobressaltado, não me rendi e planejei tomar banho no dia seguinte e em todos os outros para provar que conseguia quebrar o estigma do três. Terminado o banho do terceiro dia senti-me feliz por saber que quem havia decidido aquilo havia sido eu mesmo. Passei a noite acordado e entrei na madrugada. 

   Como já era um outro dia, pensei em já tomar o tal banho. No realizar das coisas, acabei me sentindo cansado e dormi. Quando acordei, já era madrugado do dia seguinte. Eu havia passado o dia todo dormindo. E não foi só isso, duas horas depois que eu tinha acabado de acordar, me deu um sono tão forte que acabei adormecendo novamente. Resultado: acordei na madrugada do dia seguinte e voltei a dormir duas horas depois. Ao final do terceiro dia – dormindo sem parar e sabendo que isso não se repetiria – tentei algo que teria mais controle: comer uma pizza de mussarela – a mussarela foi um toque genial, pois imaginei que todos os outros ingredientes poderiam acabar menos esse. 

   Pedi a pizza no primeiro dia, no segundo e no terceiro. Quando chegou ao quarto dia, estava pronto para ligar para pizzaria quando peguei o telefone do gancho e percebi que estava cortado. Minha conta estava vencida. Eu estava dormindo no dia do vencimento e não me lembrei de pagar. Não vi problema nenhum. Peguei a chave de casa e saí para a pizzaria mais perto da minha casa. Fechada. Comecei a ficar nervoso já nessa primeira pizzaria, mas, ao chegar na segunda, notei que estava aberta e que minha sorte estava para mudar. 

   Pois não é que a segunda havia acabado justamente a mussarela e estava fechando por falta de queijo?! Perguntei qual era a pizzaria mais próxima dali e fui para lá. Essa estava fechada por causa de um aniversário. Tentei insistir, ofereci ao segurança cem pratas para me trazer um pedaço de uma pizza de mussarela. E ele me arremessou para fora do lugar e ainda ficou com minha nota. Rodei a cidade aquele dia todo, indo em todas as pizzarias possíveis e nada. 

   Duas das pizzarias, para vocês terem uma ideia, estavam ardendo em chamas. Resolvi parar a busca e aceitar o número três em minha vida, antes que algum outro estabelecimento queimasse. Cheguei tarde em casa e quando abri a geladeira para comer alguma coisa, encontrei-a vazia. Resultado: fiquei três dias sem comer. Isso não é nada, não quero nem falar das vezes que fui roubado, atacado por cachorros, espancado por um lutador num bar e principalmente, do dia que achei que a mulher que estava me dando mole – e que levei para um banho de espuma na banheira da minha casa – era na verdade um travesti... maldito número três! 




Publicado originalmente no dia 1 de janeiro de 2011, sábado.




quinta-feira, 21 de maio de 2015

Notícia - Conto II (revisão)



    Aqui vai o meu segundo conto curtinho, de apenas uma página. História bacana e emocionante. Uma ideia que, hoje, não sei dizer de onde veio a inspiração. Eu gostei muito desse texto, fiz uma revisão mínima, e repostei, leiam (por favor) e me digam o que acharam:


 Notícia 

 

   Em pensar que às vezes nem sempre é bom saber o que se passa consigo mesmo. Não foi diferente comigo. Um dia, estava eu nos meus afazeres do trabalho – eu trabalhava num Jornal, organizando e formatando páginas dos periódicos – quando li uma notícia que me chamou muito a atenção. Era de um dos repórteres do serviço, um dos novos. Eu o conhecia pessoalmente – afinal, quem eu não conhecia? Chamava-se Carlos. Era um rapaz recém formado. Não tinha vínculos com o Jornal ainda, estava estagiando, de experiência. 

   Bom, Carlos trabalhava ali há quase um mês e meio. Mesmo assim, eu já o conhecia suficientemente para chocar-me com a notícia que acabara de ler. Imprimi em uma lauda e reli detalhadamente o que já havia lido duas vezes pela tela do computador. Era inacreditável. Fiquei perplexo e estupefato. Não me contentando, reli novamente e depois ainda uma outra vez. Quando, insatisfeito com a leitura, tentei reler mais uma vez e não consegui, pois minhas mãos estavam frouxas. 

   Sentei-me sem ao menos ter notado que havia levantando. Cocei a cabeça matutando as ideias. Meus olhos giravam do papel para a tela, do papel para a mesa, do papel para as pessoas a minha volta. Meu transtorno me deixou suado, quase pingando. Procurei minha garrafinha de água e pela primeira vez, em trinta anos de serviço, eu não a encontrei. Abalado com a notícia que transitava meus pensamentos, comecei a desforrar minha impaciência na garrafa sumida. Olhei até debaixo dos papéis onde seu volume não caberia. Revirei a minha mesa como se isso fosse me trazer paz e sossego. Por fim, quando minha mesa já estava um caos, lembrei-me do Carlos e de que fora ele quem havia escrito a notícia que transmutara a minha vida. Num passe de mágicas, a garrafinha sumida permaneceu como antes: sumida. Minha total atenção agora era para aquele sujeito que, pensando bem, eu não gostava quase nada e mal conhecia.

Levantei de um pulo da cadeira – a qual eu nem sequer havia percebido que estava sentado – já gritando pelo Carlos. O barulho era uma coisa tão comum na redação que sequer me ouviram chamando seu nome. Repeti com mais ênfase: “ô, Caaarlos” – até alonguei sua primeira vogal como a testar-lhe a acentuação da palavra. Novamente não me deram ouvidos. Comecei a rodar minha cabeça de um lado para o outro. “Onde anda aquele maldito moleque?” - pensei comigo mesmo. 

   Não o via por ali. O jeito era rodar o local todo no seu encalço. Assim o fiz, procurei-o primeiramente na sua mesa. Nada daquele peste. Depois fui até a cozinha – pensei que como estava perto da hora do lanche que ele poderia estar por ali. Não estava. Lembrei-me daquele ditado idiota que todos sempre usam – inclusive eu – ‘quem tem boca vai a Roma’, e comecei a perguntar pelo Carlos. O problema era que todos estavam mais ocupados do que o normal naquele dia. Ninguém parava pra me responder e isso estava me matando. 

   Cansado de rodar de lá pra cá sentei-me num banquinho perto dos banheiros. Eis que sai de lá de dentro do banheiro, o Rodrigo – amigo de faculdade do Carlos – conversando com um dos chefes da redação. Prestei atenção no que diziam, esperando minha vez para poder perguntar do fulano e pesquei uma frase solta: “...coitado do Carlos. Ficou em casa arrasado com o fato, mas, mesmo assim, fez questão de escrever a nota e enviar pra redação. Isso é que é amigo!” - disse o chefe do Rodrigo - "Ele se afeiçoou mesmo ao Souza, né?! E em tão pouco tempo..."

   "O Carlos sempre disse que o Souza era o pai que ele nunca teve!" - disse o Rodrigo pro seu chefe.

  “Então o danado estava em casa? Que molenga! Escreve um absurdo daqueles e ainda fica em casa como se fosse vítima.” – falei. 

    Antes que o Rodrigo pudesse se afastar, ouvi o Armando gritando lá do outro setor: 

 “Ô, Digão! Quem vai limpar a mesa do Souza? Tá tudo esparramado.” 

   Só me faltava aquela; confuso, mas nervoso, interpelei: “que limpar a minha mesa o quê, ou?!” 

   Mas não me deram ouvidos, e foi o chefe do Rodrigo quem respondeu: 

 “Deixa tudo aí, Armando. A esposa do falecido vem buscar tudo hoje ainda. Não esquece de fazer uma cópia da homenagem que o Carlos escreveu pro Souza, tá? Vamos ler lá no velório!” 

   Na hora eu pensei: “Até que o Carlos não era de todo um mau sujeito.” 





Publicado originalmente no dia 12 de dezembro de 2010, domingo.



quarta-feira, 20 de maio de 2015

Arqueiro - Arrow - The CW - 3ª Temporada



















Pensem numa série tresloucada onde quase nada faz sentido e o que faz sentido se perde no tempo e no roteiro mal organizado. Pensou? Então, aqui está Arrow, o fenômeno teen que veio para encher o saco de quem usa o cérebro para fazer cognições e não simplesmente para acessar o Facebook.

Aí alguém diz, "mas, Pedro, por que é que você está assistindo se não gosta?" Boa pergunta! A resposta é: até agora não sei porque faço isso comigo.

Mas vamos do princípio, já que a série acabou a sua terceira temporada agora na semana passada. Para quem não sabe, Arrow conta a história do Arqueiro Verde, personagem da DC. Oliver Queen é um playboy milionário que naufraga e fica perdido por cinco anos numa ilha (mentira!!!, mas é o que acontece a princípio, pois em três anos de série só faltou o cara ir pra Marte. Ou seja, ele é o único náufrago que passeia pelo mundo e continua desaparecido. Péssimo!) onde acaba aprendendo tudo sobre sobrevivência (e bota TUDO nisso!), inclusive aprende a como atirar com um arco (fato).

Ele volta pra sua cidade natal (depois de supostos 5 anos, outra mentira, pois ele passa por lá algumas vezes, to falando, não tem coerência) e ninguém desconfia que o cara de capuz verde que atira com um arco apareceu pela cidade justamente quando o playboy retorna pra casa! (Ele só compete com o Super-Homem em matéria de disfarce.)

Olha, para não me alongar muito (pois quero muito escrever sobre outras coisas e não só falar mal dessa série, mas conseguiria escrever centenas de páginas sobre isso) vou direto ao ponto. É uma série de super-heróis, mas tão tosca quanto Smallville (ainda bem que esta eu não assisti! Ufa!). O enredo se contradiz o tempo todo. A série está cheia de furos, péssimas atuações, péssimas histórias, péssimas cenas de luta, passados inconstantes, motivos chulos para atos dantescos, vingança desperdiçada, vingança e mais vingança, chatices, amo e não amo, quero e não quero, mato e não mato e muitos etc. São 23 episódios  por temporada, só para ficar alongando uma história sem pé nem cabeça! (Quer uma série boa de super-heróis?, assista a do Demolidor: http://pedrodelavia.blogspot.com.br/2015/05/demolidor-daredevil-netflix.html )

Vale dizer algumas coisas: existe uma "filosofia" repetidamente pregada em todos os capítulos que acaba se tornando uma aulinha básica de inglês: os termos someone else e something else (alguém e algo mais) é a premissa principal da série. Eu não me lembro de assistir nenhum capítulo sem a presença destas palavras e, inclusive, na mesma frase. PORRE!


Como eu disse, a inconsistência é terrível. Tem hora que o bandido morre, mas depois ele volta. Tem hora que o Oliver morre, mas depois ele volta (não, não é spoiler, isso acontece o tempo todo!). Cara, essa foi a última temporada de Arrow que eu assisti (eu sei, eu sei, deveria ter parado na primeira, mas a esperança não morria!). Aí, acabei de ter uma ótima ideia: Oliver é como a esperança, ele nunca morre!

Uma última coisa. Eu vi zilhões de pessoas que gostaram da série e a encaixam como uma de suas preferidas, mas se você ainda está se perguntando se deveria assistir ou não, lembre-se que essas pessoas que estão defendendo esse seriado são as mesmas que amam Crepúsculo, Divergente (detergente) e coisas do tipo. Fuja desse fiasco, não faça como eu, não se deixe levar por um cara que desce a porrada com um arco (sim, ele usa o arco para bater nos outros) sem que esse se despedace ou ao menos desregule. Af!





A criação - Conto I (revisão)

   


   Faz algum tempo que eu queria repostar esses pequenos contos, isolados, com histórias fechadas, sem continuação nenhuma (ufa!!). Eis então a deixa: pois fiz outros contos curtos, de uma página só, no máximo uma e meia e, antes de postá-los, queria mostrar esse antigos aqui. Tratava-se de um acordo com um amigo (vocês lerão sobre isso abaixo) que não vingou (como muitas coisas não vingaram, normal). Mas a ideia era boa, então eu continuei por cerca de cinco contos apenas. Mas agora eu me empolguei novamente e vou dar sequência à série, pois preciso aprender a fazer histórias concisas que se fecham e não me estender por páginas demais. Bom, leiam e digam-me o que acharam, por favor. Abraço a todos e até os próximos contos (esses curtos e fechados e também os longos e continuados)!



A criação 

  
   Um dia, dois amigos universitários – um mais velho e o outro nem tanto – decidiram escrever cem contos cada um. Ante de começarem os contos, durante uma reunião entre eles dois, acertaram que nenhum desses contos passaria de uma página, esse foi o primeiro termo. Entre outras coisas, não conseguiram estipular em que tipo de histórias transitariam então estas seriam livres. Acertadas as ideias postaram-se a matutar tramas para seus respectivos enredos. Cada qual investiria pesadamente em suas capacidades literárias.

   Um dos dois amigos, sentado de frente ao seu teclado, pensou: “como criar tantos contos em tão pouco tempo?” Ah! Claro, esqueci-me de mencionar que planejaram escrevê-los antes do início do novo período letivo. Ou seja; no máximo em noventa dias. Um deles comentou: “É tempo de sobra, afinal é menos do que dois contos por dia.” O outro apenas concordou naquela sua chatice incognoscível. O primeiro suspeitou naquele instante que, o segundo, provavelmente, desistiria – era muito comum para o segundo desistir das coisas. – O outro não entendia o porquê daquela fragilidade perseverante de seu amigo. Entendia muito menos por que insistia em tentar novos projetos com ele – já não era a primeira empreitada desfeita. – Pensou até que, ao escrever coisa semelhante, fizesse o segundo chatear-se só com um comentário desses. Mesmo assim o fez – rogando baixo que seu amigo não desistisse dessa vez.

   Assim sendo, estava lá o primeiro, sentando frente ao seu teclado – os dedos ávidos por digitar as teclas – concentrado em como iniciaria seu primeiro conto. Pensou nas circunstâncias do seu dia a dia. O tempo correndo e as barreiras aumentando. Era um latido aqui, um resmungo ali; uma novela chata com péssimos atores a praguejar ao lado; familiares de cá para lá onde, outrora, não havia nenhum; enfim, todo tipo de inconveniências. Pensou ele: “excelente oportunidade de superação!” E com esse pensamento em mente tratou de produzir algo "lível". Convenhamos; escrever não era tão difícil assim, mas também não era nada fácil.

   Eis que uma fantástica (nem tanto assim) ideia lhe surgiu diante de seus dedos. Começaria seu primeiro conto ficcionando sua própria experiência real. Relembrou passo a passo a conversa que tivera com seu amigo. Elaborou mais alguns detalhes, com calma e paciência. Em seguida, discursou mentalmente palavras que iriam compor seu conto. Olhou para tela em branco do monitor e imaginou um parágrafo surgindo alí. Sentiu as primeiras palavras sendo transmitidas de seu cérebro para seus dedos e digitou: “Um dia, dois amigos universitários – um mais velho e o outro nem tanto...” 



Publicado originalmente no dia 7 de dezembro de 2010, terça-feira.



Projeto Almanaque - Project Almanac - Paramount Pictures





Começo com a palavra: tenso! E foi exatamente assim que me senti assistindo esse filme. Pela sinopse eu achei que seria uma coisa boba, meio infantil, e acabei errando feio (ainda bem!). Decidi ver o filme ontem à tarde, pois tinha aquele momento da vida livre e queria dedicar a algum título recente. Pesquisei e escolhi este, sem nunca ter visto o trailer ou lido algo a respeito. A fraca sinopse fez minhas expectativas baixarem ao ponto de eu ter gostado muito de ver esse filme.

Pelo que eu entendi, pesquisando por aí, esse filme produzido por Michael Bay saiu direto em DVD aqui no Brasil, porque sua estreia lá fora foi um fiasco (há controvérsias). Pra começar, esse é aquele tipo de filme documentário (tipo A Bruxa de Blair e Poder sem Limites), filmado no intuito de parecer um filme amador, registrado pelos próprios personagens com suas câmeras. E a premissa lembra bastante a do filme Efeito Borboleta (lembram?).

Trata-se basicamente de um filme de ficção científica que aborda o assunto viagem no tempo.

O filme conta a história de um jovem que, com a ajuda de dois amigos e sua irmã, está empenhado em conseguir uma bolsa de estudos no MIT (Massachusetts Institute of Technology). Seu projeto não sai como ele gostaria, mas, procurando por novas ideias nas coisas de seu falecido pai (de quem puxou a inteligência e a vocação para cientista) ele descobre um protótipo de uma máquina do tempo.

Os cinco (pois sua paixão de escola se junta ao grupo) descobrem como fazê-la funcionar e criam um pacto para sempre saltarem no tempo juntos. Eles começam a voltar no passado para melhorarem suas vidas. Mas, (é claro) como todo filme que aborda esse assunto, eles acabam criando rupturas temporais e aumentando seus problemas. 

O filme parece um grande clip da MTV, todo filmado com cenas sem foco, câmeras balançando, tremendo, focando coisas adversas e etc. Mas isso só dá mais ritmo ao filme que é basicamente, frenético. Gostei bastante da história, mesmo não sendo uma ideia muito original. Ao contrário do que todos pensam, não é um filme lotado de efeitos especiais e os que aparecem são suficientes para preencher o enredo.

Fica aquela sensação de reflexão quando o filme acaba, mas também uma pontinha de e se...






terça-feira, 19 de maio de 2015

Liberdade - Osho - Editora Cultrix




Esse é o exemplar emprestado que eu tinha em mãos.
  Conversa vai, conversa vem e esse livro me foi recomendado, e não foi por qualquer um, mas sim por um grande amigo de longa data e, se ele recomendou, eu tinha de ler. Assim sendo, eis a minha resenha sobre esse compêndio espiritual que fala sobre liberdade!

   Antes de mais nada, queria, de antemão, lembrar que eu não sou um cara nada religioso, mas acabei surpreendido pelo livro, pois, ao contrário do que eu pensava, Osho não exalta nenhuma religião. (Mas seus seguidores o fazem. Vale sempre lembrar que, por mais espiritualizado e livre que seja o mestre, seus discípulos sempre irão entender de uma outra forma e talvez divulgar um outro conhecimento.)

Outra coisa que me deixou um pouco chateado (para não dizer revoltado) foi a imensa propaganda que existe em cima dos ensinamentos desse homem (já falecido). É todo um mercado de marketing e exploração para arrecadar fundos para uma "instituição" que está fazendo exatamente tudo ao contrário do que está escrito nesse livro. Partindo desse ponto e anulando a minha descrença e inteligência, devo dizer que esse é um bom livro que vale a pena ser lido, não pelo que andam fazendo seus discípulos, mas pela obra em si.

Depois de ter falado mal de seus "asseclas" e toda falta de coerência que eu acabei descobrindo em minhas pesquisas para escrever essa resenha, vamos ao conteúdo em si que, na minha opinião, é o que salva o "autor" (já explico as aspas).

Desculpem-me pela demora em ir logo falando do livro, mas não posso simplesmente abster o meu senso crítico acerca das coisa que o envolvem. Dizendo isso, ainda vale mais uma ressalva: Osho nunca escreveu nada (eis a explicação das aspas), todos seus livros são transcrições de suas palestras e entrevistas, organizados por seus seguidores. Não sei você, mas isso já me deixa com mais um pé atrás.


Pontos positivos:


Tudo bem, vamos falar de liberdade, e é sobre isso que esse livro fala. Somente um homem muito espiritualizado para ter esse tipo de pensamento, foi o que me chamou a atenção logo que iniciei minha leitura.

Osho fala sobre três tipos de liberdade: A liberdade de, A liberdade para e A liberdade espiritual.

De acordo com o "autor" (lembre-se que ele não o escreveu), a Liberdade De, refere-se à liberdade do indivíduo da sociedade, da religião, dos dogmas e preceitos, do governo opressor, de suas pré-programações e até mesmo de sua família. São muitos os tipos de "escravidão" envolvidos e Osho dá exemplo de muitos. Concordei com muitos e discordei de alguns e, mesmo dos que eu discordei, vale uma profunda reflexão, pois esse guru não está de todo errado.

A Liberdade para é um destino para a primeira liberdade. Osho afirma (e eu concordo com ele nesse quesito) que não adianta se libertar de algo e não ter um objetivo. Pra que serve a liberdade se não sabemos o que fazer com ela? Mais uma vez temos muitos exemplos acerca do assunto, onde são abordados até casos de escravidão literal. Osho fala sobre indivíduos disseminando morte e escravidão a seus inimigos após conseguirem a tão sonhada liberdade, simplesmente por não saberem lidar com o que conseguiram.

Nessa parte, Osho explica que a Liberdade para é feita por uma mente criativa, aqui ele encaixa todos os artistas que criam suas obras. De acordo com o "autor", somente uma mente criativa poderia dar direção para uma nação em liberdade.

E finalmente chegamos à liberdade espiritual que trata diretamente do indivíduo, da liberdade de sua mente. Não importa o governo, criação ou religião, uma mente livre de dogmas é capaz de ser livre mesmo que tenha o corpo trancafiado numa prisão. Trata-se da liberdade mais importante explicada no livro. Meditação é o caminho para treinar a mente de cada indivíduo para ser livre.

Osho utiliza-se de parábolas antigas de várias culturas para explicar minuciosamente o seu conhecimento, cita diversos autores e pensadores e faz diversas analogias para esclarecer seus pensamentos. Tudo é muito bem explicado e seu ponto de vista fica nítido.



Pontos negativos:



Julguei-o um pouco marxista logo de cara, mas depois percebi que não era bem assim, embora essa seja uma comparação muito válida, já que muitas de suas ideias têm essa origem.

Osho se torna repetitivo lá pela metade do livro em diante, pois essa obra é um apanhado de diversas palestras pelo mundo. A explicação de um determinado assunto é exposta de dezenas de formas diferentes. Chega a ser um pouco enfadonho em determinadas partes.

As ideias de Osho podem se tornar grandes embaraços sociais se forem levadas ao pé da letra, mas isso vai do entendimento de cada um. (Tenho certeza que minha amada não concordaria com o que ele diz sobre o casamento! rs)


Conclusões:


Tive a grata oportunidade de ler pela primeira vez os ensinamentos desse mestre contemporâneo, mesmo sabendo de sua existência há anos. Não arrependo-me de tê-lo lido antes por acreditar que não estaria preparado para tais ensinamentos. A obra em si é de fácil leitura e assimilação, mas é mais uma daquelas obras que podem ser erroneamente interpretadas por mentes mais desqualificadas. Veja bem, a leitura é fácil, mas a filosofia contida nesse livro é algo para ser refletida por toda vida.

Eu recomendo esse livro para todos sem exceção, mas recomendo também cautela e reflexão. Eu particularmente gostei muito do que aprendi e li aqui e pretendo ler diversos títulos desse "autor". Tenho medo do que seus ensinamentos geraram pelo mundo, mas acredito que, esteja ele onde estiver, estaria satisfeito com sua influência sobre a humanidade e, talvez, só talvez, apavorado com as sementes que plantou! Ótima leitura.


Sobre o "autor":


Rajneesh Chandra Mohan Jain, o Osho
Osho nasceu na Índia, em 1931 e faleceu no mesmo país aos 58 anos, em 1990. Esse "sujeito" de barbas longas (de dar inveja!) foi uma figura controversa e até mesmo temida em diversos países, por conta dos seus ensinamentos revolucionários. Foi formado em filosofia e atuou como professor universitário antes de rasgar seus diplomas e sair pelo mundo pregando seus pensamentos.

Alguns o consideram um ser divino de ensinamento transcendental, mas seja como for, Osho viveu e disseminou sua compreensão acerca do mundo por onde passou. Ele nunca escreveu um livro, mas de suas palestras e entrevistas foram publicados mais de 650 títulos.

Osho pregava a liberdade sexual, o rompimento da sociedade e do governo (pois considerava o mundo uma só nação), o rompimento do indivíduo com a religião e principalmente a liberdade espiritual. 

Vele uma frase importante aqui: "Toda ação é uma limitação!", palavras desse sábio guru. Reflita!