terça-feira, 14 de abril de 2015

Natural (revisão)



Deparei-me com este desejo antigo (mas ainda atual) de ir-me embora para o campo. Qualquer lugar sossegado, desprovido de agitação. Gosto da cidade, mas é um lugar sonoramente irritante. Quero ser irritado por sons de grilos e cigarras durante a noite e despertar com o som de pássaros cantando. São coisas assim que me fariam mais feliz. Quem sabe este dia esteja mais perto do que imagino?! Espero que o quanto antes. Eis o verso que cabe até hoje em mim:



E nessa ventura sem fim
Bonança, mansidão e calmaria
No acinzentar do novo dia
O frio do céu fechado, calado.
Rebate a arte em verso livre que
Consiste em navegar em celulose,
Pomposo gesto nobre de criar.
Gotas caem ao chão seco
Ventos médios sopram os arvoredos
A pena corre o espaço branco.
Completam os pensamentos as letras
Juntam-se os pupilos a aprender,
Entre quatro paredes, os versos de
Homens livres, homens dos campos
Dissimulados vivendo nas cidades.
Quero’ embora daqui e o ar respirar.
Ler, escrever e ver a Natureza nua
Sem sons estridentes, recorrentes
Quero deixar a fúria em prol da serenidade
Ver o dia escuro e tempestuoso
Do alto de uma bela montanha
Ter ao lado a pessoa amada e
Também a criação, toda ela.
Cultivar e colher todos os frutos
De se estar livre do temeroso
Dia urbano que me entristece.
Oh, amada Mãe, recolha teu filho
Choroso, necessitado da paz
De teus seios fartos de verde!


Publicado originalmente no dia 4 de outubro de 2011, terça-feira.

 

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