sexta-feira, 17 de abril de 2015

Descarga com um balde

 
 
E eu achando que viver sem água e luz seria uma coisa fácil...
 

Como a maioria já sabe, aqui em casa está acontecendo uma grande obra. Algumas coisas difíceis andam acontecendo concomitantemente, por exemplo: 
 
  • é complicado manter o foco e a atenção com tanto barulho e desordem. Sim, uma grande bagunça barulhenta está preenchendo os meus dias indefinidamente.
 
  • trabalhar com afinco e ardor não está sendo uma opção. Estou aprisionado nessa anarquia, esperando ansioso a minha liberdade (não, não estou reclamando, só esperando) para voltar a produzir como antes.
 
  • nem mesmo estou conseguindo ler, coisa que achava que eu conseguia em qualquer situação. (dentro de ônibus, filas de bancos, andando na rua, numa manifestação, dia de jogo, durante uma guerra, invasão alienígena, mas não durante uma obra aqui em casa)
 
  •  sair para fazer alguma coisa na rua requer um trabalho demasiadamente custoso. Estou tendo mais dificuldades com o conforto dos meus bichos (que são os mais prejudicados) do que com qualquer outra coisa. Não posso simplesmente sair para seguir a minha vida e deixar os bichos apavorados com o barulho e outras desventuras.
 
  • o cheiro de tinta e solventes está realmente desagradável. É tanto produto misturado com outras coisas como: poeira, que nem mais sei dizer se ainda tenho um olfato. (Imagine o que meus cães não estão passando)
 
  • não consigo mais tocar e praticar, como faço (leia-se: fazia) diariamente, pois meus instrumentos e equipamentos ficam parecendo móveis de uma mansão abandonada, como nos filmes de terror, abarrotados com uma espessa cobertura de pó.

  • escrever também não está funcionando, pois preciso de um mínimo de paz e sossego, coisa que não existe mais nesse lar.


O que me restou fazer em todos esses dias?

  • Vez ou outra eu tento aprender alguma coisa lendo, 
 
  • dou uma mãozinha aqui e ali na obra, 
 
  • faço anotações do que quero escrever (para dias futuros), 
 
  • arrisco um texto (como este, por exemplo), 
 
  • escuto um som, 
 
  • toco alguma coisa no violão (só para não perder a prática),
 
  • limpo poeira (a cada três ou quatro minutos, aproximadamente), 
 
  • tento me entreter e me informar na internet.


 Mas o que diabos isso tem a ver com o título do texto???


 Simples: com a reforma, a caixa d'água foi retirada e será substituída. Neste ínterim, tenho que buscar água no tanque para:

  • lavar louça (isso quando não levo a louça para o tanque),
 
  • tomar banho (sim, tem que ser gelado),
 
  • beber água (é isso mesmo, nada de água filtrada, privilégio de poucos),
 
  • e, principalmente, dar descarga no vaso sanitário (se vocês soubessem quantos baldes são necessários para fazer alguma coisa descer definitivamente pelo buraco...)



E o melhor disso tudo, o que é?


Eu estou sem caixa d'água há apenas dois dias! Imagine uma vida inteira, sem água e sem luz (por sorte, ainda tenho luz), vivendo desse jeito?!?! Tô fora!


2 comentários:

  1. Que coisa hein Pedro! Sacrifício de vez em quando é bom! Tudo nesta vida passa...

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  2. É, não discordo. O que me consola é que vai mudar para melhor, é só eu esperar!

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