quinta-feira, 12 de março de 2015

Um livro por semana

Proposta indecorosa! Não é para tanto, é mais um incentivo, uma promoção à minha leitura que, às vezes, fica estagnada. Nada como um compromisso para ajudar nesse esforço de manter uma leitura constante. E é também uma oportunidade de alcançar marcas sempre maiores de leituras por ano. Se não me engano, meu recorde foi um pouco mais do que vinte livros só num único ano (perdi meu caderno com essa informação). O que é um dado irrisório se eu levar em conta alguns amigos que chegaram a ler mais de cinquenta. Bom, esse é o meu objetivo daqui para frente, ler ao menos um livro por semana (de preferência mais do que um), mas um já é mais do que suficiente. E tem mais um compromisso que estou assumindo agora, mais um estímulo à leitura: eu vou fazer uma breve resenha de cada um deles aqui no blog, que pretendo postar toda segunda-feira. Isso, além de me incitar a ler mais, irá me ajudar a quantificá-los e também qualificá-los. Mas avisando de antemão, eu não pretendo fazer uma análise literária do volume em questão, vou falar sobre o que me chamou a atenção (ou não) no livro e algumas características particulares. Farei um resumo, uma pincelada no enredo sem, contudo, revelar o fim da história. Será um acordo comigo mesmo, não porque tenho a obrigação de fazê-lo, mas sim porque o quero fazer. Pretendo também contar um pouco sobre minha escolha, fatos relacionados aos dias de leituras e coisas à parte.

Deixem-me contar um caso interessante da minha formação como leitor:

Desde criança, eu via meu pai lendo e trazendo livros para casa. Como nosso apartamento era pequeno a biblioteca ficava no meu quarto - era uma grande estante de madeira escura, do chão até o teto, abarrotada de livros. Ele os comprava aos montes em promoções em sebos de diversas cidades e estados (ele viajava muito à trabalho e passava dias e também semanas fora de casa). Os volumes só não ocupavam a casa toda, porque ele tinha o bom costume de presentear todos os conhecidos e interessados com seus próprios livros (não aprendi a ser desapegado como ele, mas acho que ele só se desfazia dos que não gostava). Recordo-me do meu falecido pai, que passava horas e mais horas, madrugada adentro lendo desenfreadamente. Ele não tinha com quem compartilhar suas vitórias, (não havia internet em seus áureos tempos) então restava a ele estufar o peito e contar com orgulho para mim: "Tá vendo esse livro aqui, Pedro Henrique? Li ele todinho essa noite!" - dizia sorrindo e maravilhado (saudade). E esse era apenas um de seus feitos, pois ele tinha muito mais capacidades do que isso: "Pedro Henrique, olha só os livros que eu trouxe da viagem" - ele mostrava uns seis ou sete volumes - "sim, pai, estou vendo." - respondia eu desinteressado sobre todos aqueles livros que, para aquela minha tenra idade, não representavam muita coisa - "sabe quantos eu já li nesse final de semana?!" - perguntava ele redundantemente, pois contaria mesmo que eu não perguntasse, mas eu ajudava: "quantos, pai?" - e eu ainda lembro de seus olhos vibrando para revelar a incrível façanha: "Todos!!!" - e gargalhava desenfreadamente com alguns cutucões e grunhidos: "hein, hã, hein, hã!". Meu pai foi um grande modelo. Eu tinha todos aqueles livros à mão, mas garoto que era, só me interessava por revistas em quadrinho (que me eram dadas por ele no esforço não só de me agradar, mas de encorajar-me a ler sempre mais). Não reclamo disso, pois se não fossem aquelas revistas, eu nem ao menos teria um gosto por leitura. E foi assim até eu tomar um verdadeiro gosto por livros (são inegavelmente melhores do que qualquer revista em quadrinho).

É, acho que tomar essa medida de um livro por semana é também um mínimo esforço da minha parte para honrar a memória de meu pai. Então, vamos à leitura!

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